O município de Anchieta alcançou o pior índice de desemprego da história, atingindo 25% dos trabalhadores, neste mês de maio. Segundo a prefeitura do município, por causa da paralisação da Samarco, a previsão é que, em 2018, a situação fique ainda pior.
Há oito meses desempregado, Edilson Correia ainda está em busca de trabalho. A preocupação dele é ainda maior porque, sem a Samarco em Anchieta, a economia está parada e muitas empresas deixaram de contratar.
“Está difícil. A gente vai ter que recorrer em outras cidades. Está ruim também, mas, provavelmente, consegue alguma coisa, porque, aqui dentro, não tem nada para fazer”, disse.
Além da diminuição da arrecadação, a prefeitura, maior empregadora da cidade, disse que vai começar a cortar gastos.
“Já reduzimos o quadro de pessoal, de comissionados, DTs e conseguimos uma economia de R$ 1 milhão por mês com a folha, mas isso ainda é pouco perto do que a gente vai ter que fazer”, falou o secretário da Fazenda de Anchieta Dirceu Porto.
Enxugar a folha de pagamento é necessário neste momento, porque os impostos pagos pela Samarco representavam 70% da arrecadação de todo município. Os maiores prejuízos já vão sentidos a partir de 2018. Até 2019, a receita de Anchieta está prevista para cair pela metade, em comparação a do ano de 2015.
“2019 que vai ser o pior ano da crise, em que o município deve arrecadar algo em torno de R$ 120 milhões no ano”, falou o secretário.
Pelas ruas, já há várias lojas desocupadas. Segundo a representante da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Anchieta, Maria Antunes, o movimento no comércio caiu 70%, reflexo da falta de dinheiro circulando na cidade. “Muita gente querendo fechar e algumas já fecharam. E a gente não sabe até quando vai isso. Você não tem perspectiva de melhora”, disse.
Comerciante há 13 anos, José Carlos disse que nunca passou por um período tão difícil. “Se a Samarco não voltar logo, a gente vai continuar com esse problema sério”, afirmou.
Ainda não há previsão para a Samarco voltar a operar no polo de Ubu, porque a empresa precisa de duas licenças para conseguir a liberação do funcionamento. Um dos documentos necessários depende da Prefeitura de Santa Bárbara, em Minas Gerais.
“Não depende do município de Anchieta, hoje. Em relação a Anchieta, a Samarco não tem nenhuma pendência para que retorne”, explicou o secretário da Fazenda.
Até conseguir retomar as atividades por completo, a mineradora tem tomado algumas medidas, como uma forma de assegurar os postos de trabalho. Uma delas é o período de layoff, em que, a partir de junho, 800 funcionários, tanto de Ubu, quanto da unidade de Mariana, vão ficar em casa, fazendo cursos e treinamento de requalificação.
“Está tudo parado. O comércio está fechando, tem muito comércio que já está fechado e outros que ainda vão fechar se ela não voltar”, disse um morador.
Por: g1.com.br/es
