Um dos maiores exemplos está na movimentada Rua Marechal Floriano Peixoto, no centro da cidade, onde a distância entre um quebra-molas e outro chega a ser de apenas 10 metros, algo raramente visto em outras cidades capixabas. Quem dirige pela via precisa acelerar, frear e reduzir a marcha em um curto espaço de tempo, causando não apenas incômodo, mas também desgaste desnecessário em veículos e risco de acidentes para motociclistas e ciclistas.
Anchieta, no litoral sul do Espírito Santo, tem se destacado por um título curioso e nada oficial: o de cidade com mais quebra-molas do estado. O número de redutores impressiona quem mora, trabalha ou passa pelo município — e até quem não é da cidade percebe o exagero assim que atravessa a primeira rua.
O assunto já virou até tema de vídeos de vereadores nas redes sociais, que fazem questão de mostrar — e comemorar — a "inauguração" de novos quebra-molas, como se fossem grandes obras de mobilidade urbana. Para muitos moradores, no entanto, o excesso desses dispositivos representa o atraso no desenvolvimento do trânsito da cidade.
“É um absurdo. Parece que nossa cidade parou no tempo. O município cresce, aumenta o número de veículos, mas continuam usando o quebra-molas como única solução para tudo”, reclama um morador da região central.
Além da quantidade exagerada de redutores, outra crítica constante da população é a ausência de semáforos no centro da cidade, especialmente nos cruzamentos de maior movimento. Para o comerciante da área, um semáforo resolveria de forma mais eficiente e civilizada o problema de fluxo de veículos e pedestres. "Enquanto cidades vizinhas investem em sinalização moderna, aqui se prefere o quebra-molas. Não faz sentido", afirma.
Especialistas em trânsito alertam que o uso excessivo de redutores pode trazer efeitos contrários ao desejado, como aumento de poluição sonora e do consumo de combustível, além de prejudicar o escoamento do tráfego urbano. Para eles, é preciso investir em educação no trânsito, faixas elevadas bem projetadas, rotatórias e, claro, semáforos em pontos estratégicos.
A sensação de parte da população é de que o quebra-molas virou um símbolo de política fácil: custo baixo, efeito imediato e visual para mostrar "obra feita" — mesmo que a longo prazo a cidade pague o preço com mobilidade travada e insatisfação dos motoristas.
Enquanto isso, Anchieta segue acumulando mais redutores do que soluções modernas. E o título não oficial de “Capital dos Quebra-Molas” vai se consolidando — para tristeza de quem sonha com um trânsito melhor planejado.